“Você tem que impor limites”

Será?

Pare agora de acreditar nisso. Limite não é imposto. É construído e estabelecido para ser sustentável.

Calma, já vou exemplificar!

Se sua criança resolve, do nada, que quer atravessar uma avenida larga e muito movimentada, com ônibus, carros e motos, sem dar as mãos, você vai deixar?

Óbvio que não, né?!

Mesmo que ela chore, se jogue no chão, bata o pé, você vai contê-la. Certo?

Mas, se ela quiser um jogo, um celular, uma roupa, ou até mesmo dormir na casa de um colega ou dos avós em dias ou momentos inapropriados?

Você ficará em dúvida sobre como conduzir , vai titubear sem saber o que fazer… Dia desses uma mãe me perguntou sobre o que fazer quando a filha acorda no meio da noite querendo trocar o pijama, simplesmente pq diz que está incomodando. A mesma criança deixa de fazer a natação porque não quer vestir o maiô.

“O que faço, Ana? Permito ou não?”

Por que temos dúvidas sobre estabelecer limites quando o contexto nos parece menos perigoso?

“Ah, Ana… Atravessar uma avenida movimentada iria causar danos terríveis: atropelamento, machucados…. Nem se comparar a uma simples troca de pijama ou pernoite na casa dos avós”

Aí está o grande engano!

Os danos causados pela ausência de limites são gigantescos e graves, tanto quanto um atropelamento. A fragilidade na postura dos adultos fere a segurança da criança mais que podemos imaginar.

Nas situações mais sutis, o que vai ferir de forma irreparável é a postura que cada criança adotará diante da vida. Vai danificar a relação com autoridade. Vai fragilizar a estrutura e impedi-la de fazer escolhas ponderadas ao longo da vida. Vai amplificar um egocentrismo que passa do ponto. Vai entregar um suposto controle nas mãos de quem não tem a clareza e a dimensão das consequências…

Estabelecer limites é uma das mais importantes manifestações de respeito à criança.

E não. Não é nas situações mais óbvias que a “mágica” acontece. É na sutileza do cotidiano, é nas ações ordinárias, é no simples e corriqueiro, para adiante, ser base para os contextos mais extremos.

Pais e mães não têm que se justificar prolongadamente, tampouco utilizar de autoritarismo. Não têm que ceder para evitar frustrações nem esperar que a criança concorde com os “nãos” necessários.

Pais e mães precisam ter coragem!

Assumir a responsabilidade de se tornarem “chatos”, de se posicionarem mesmo que desagrade o querer das crianças e compreender que as experiências da infância vai impactar a forma como o resto da vida dos filhos vai fluir.

Você não tem que impor limites.

Você precisa estabelecer, construir e garantir a integridade física, emocional e comportamental da sua criança!